http://www.elmundo.es/cultura/2016/07/12/5784c1b022601d9d1f8b45e0.html
Amigas e amigos,
A morte de Agustín deixa-me consternado, mergulhado numa funda tristeza, não apenas pela perda do Escritor, da grande figura das Letras e da intelectualidade peninsulares, do Pedagogo e do militante da Língua Galega, do Homem de sentido crítico apurado… É que Agustín era um ser humano bom, como várias vezes, e pessoalmente, testemunhei, e há tão poucos com as suas qualidades… Um homem autêntico e frontal, mas sempre de uma delicadeza de alma excepcional.
Por isso, não esquecerei o seu exemplo, não quero esquecer o seu sorriso, o timbre singular da sua voz, e o olhar simultaneamente doce e sempre curioso, inquieto, que era o seu. Não esquecerei, tão pouco, o grande amigo de Portugal e dos portugueses que ele era, o conhecedor da Cultura e da Literatura Lusas.
Pessoalmente, fico a dever-lhe muita coisa: publicou poemas meus na Galiza, numa revista; permitiu que eu apresentasse publicamente o primeiro (parece-me a mim) livro seu traduzido para Português; participou por diversas vezes nos Encontros Luso-Galaico-Franceses do Livro Infantil e Juvenil, no Porto; dava indicações às suas editoras no sentido de me enviarem os seus livros; recebia-me sempre de braços abertos e com um sorriso franco quando nos encontrávamos na rua; a sua simpatia era enorme…
Alguma coisa tentei fazer pela obra de Agustín: consegui que pelo menos dois livros seus fossem publicados em Portugal; fiz com que fossem (bem) traduzidos para Português por Isabel Ramalhete; escrevi alguns textos críticos sobre obras de sua autoria; pedi a outros que os escrevessem também (Ana Cristina Macedo, por exemplo, produziu um pequeno ensaio). Espero que Agustín tenha sentido isto como testemunho de merecido apreço e afecto sincero pela sua obra e pela sua pessoa – figura que vários intelectuais portugueses conheciam e admiravam, até porque Agustín tem várias obras traduzidas para Português.
Ficará, pois, na nossa memória e no nosso coração, tal como os seus livros, que continuaremos a ler e estudar.
Saudações afectuosas a todos nesta hora tão triste.
José António Gomes
Porto, Portugal