Literatura infantil Juvenil: referências & notícias

Este blog é um espaço virtual de compartilhamento de referências bibliográficas referentes a estudos sobre literatura infantil e juvenil. Também compartilhamos a divulgação de eventos e ações de ensino e extensão envolvendo a LIJ. Os responsáveis pelo conteúdo são os grupos de pesquisa: Literatura juvenil: crítica e história (UENP). Literatura e formação do leitor: implicações estéticas, históricas e sociais (UNESP).

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Postado por GP Literatura juvenil: crítica e história
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ANAIS

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  • Eliane Galvão: https://www.youtube.com/watch?v=zZp6nV_9jtg
  • Glória Kirinus: file:///C:/Documents%20and%20Settings/Thiago/Meus%20documentos/Downloads/9353-33709-2-PB.pdf
  • Literatura Infantil Digital: http://www.ceale.fae.ufmg.br/pages/view/literatura-infantil-digital.html
  • Sally Gardner: http://www.cartafundamental.com.br/single/show/303
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Resenhas LIJ: enviadas/publicadas em jornais regionais/locais

RESENHAS

A construção de uma sociedade leitora no Brasil

(set. 2013)

De acordo com a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, mais importante trabalho sobre hábitos de leitura realizado no país desde 2000, o brasileiro parece estar diminuindo a sua atividade leitora. O estudo mostra que passamos de uma média de 4,7 livros lidos por habitante/ano em 2007 para 4,0 na amostragem feita em 2011, número baixo se comparado aos países desenvolvidos e mesmo a vizinhos como o Chile, com 5,4 livros por habitante/ano, ou a Argentina, com 4,6. Preocupa que os níveis de leitura em nosso país não estejam avançando após tantos estudos na área, o desenvolvimento de políticas públicas para a leitura, como o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER), além do esforço tão dedicado de tantos mestres nas escolas e nas universidades.

Para reverter o quadro atual, um dos principais desafios é tornar a leitura uma atividade normalizada na sociedade, isto é, incorporada aos hábitos de ócio e cultura dos cidadãos, retirando-a do paradigma em que se encontra, identificada mais como uma mera tarefa escolar obrigatória do que como algo prazeroso e interessante.

Nesse sentido, desde a década de 1960 tem se desenvolvido no exterior e no Brasil diferentes referenciais teóricos que reconhecem a relevância de se considerar o prazer da leitura no ensino de literatura. Bem distante do que uma satisfação imediata encontrada, por exemplo, no ato de consumir uma simples mercadoria, esse prazer é essencial ao envolvimento efetivo do leitor com a obra literária. Para alcançar essa prática social no ato da leitura, recomenda-se às escolas desenvolver um trabalho organizado em um plano global de leituras, com ações marcadas pela ênfase no leitor, em que o texto literário é abordado pelo seu vivo interesse, e não apenas como uma disciplina escolar e/ou como um utensílio para o ensino de língua, da moral ou de qualquer outro conteúdo.

Assim, na comunidade escolar vários agentes, espaços e atividades se combinam para promover a leitura literária: os professores de língua e literatura utilizam exploram o texto literário pela sua qualidade estética, incluindo um repertório de leitura flexível, que contempla, além do cânone oficial tradicionalmente presente nos currículos escolares, obras infantis e juvenis, de acordo com o interesse dos alunos; o bibliotecário (ou seu representante, já que esse profissional é coisa rara nas unidades escolares) organiza os livros e planeja atividades de promoção da cultura, tornando a biblioteca um espaço alegre, aconchegante e convidativo, com atividades culturais como saraus literários, teatro, música, encontros com escritores e outros profissionais; e os pais participam ativamente das atividades organizadas a partir da escola, emprestando livros e frequentando a biblioteca, para poder dar em casa a saudável lição do bom exemplo. Claro que, para o êxito desse empreendimento, é necessário que a proposta pedagógica da escola possua um embasamento teórico e metodológico focado nessa interação social entre texto e leitor, no prazer da leitura, assim reconhecido por toda a comunidade escolar, pedagogos, professores, bibliotecários, alunos e pais.

Não é à toa que leitores de países que têm um maior índice de leitura, como é o caso da Espanha, com 10,3 livros lidos por habitante/ano em 2011, leem mais por prazer: de acordo dados do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe, naquele país 86% dos entrevistados leem por esse motivo, contra 49% dos leitores brasileiros.

Portanto, se queremos construir uma sociedade leitora, é fundamental que todos, não só vinculados à área da educação, mas os cidadãos, em geral, reconheçamos que ler é bom e que a literatura não é algo supérfluo, um luxo a que tem acesso apenas alguns iluminados, mas sim que se trata de um bem cultural que nos permite a todos ter acesso a uma formação que nos abra para possibilidades de compreensão e identificação com o que há de mais profundo e sublime na produção humana.



Cláudio Mello Doutor em Letras pela UNESP, com pós-doutorado na área de Didática da Língua e da Literatura na Universidade Autônoma de Barcelona, é professor do departamento de Letras e líder do grupo de pesquisa Literatura e Educação da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)/Rede LLIJ.


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CAROS PAIS, VOCÊS CONHECEM A BIBLIOTECA DA ESCOLA DE SEUS FILHOS?

(out. 2013)

Já faz algum tempo que o governo federal tem investido na aquisição de livros para as bibliotecas de escolas públicas. Livros que seu filho pode ler na escola e levar para casa, mediante empréstimo organizado pelo responsável pela biblioteca. Você, caro pai e mãe, já teve oportunidade de conhecer a biblioteca da escola do seu filho? Seu filho costuma levar livros para ler em casa? Se a resposta é negativa para as duas perguntas, sugiro que, na próxima reunião de pais (nas quais, normalmente, você ouve falar sobre os investimentos da escola, sobre falta de recursos financeiros, sobre problemas com a indisciplina dos alunos – seu filho incluído!), você dê uma passada na biblioteca e conheça o acervo do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), desenvolvido desde 1997 pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Atualmente, o programa atende “de forma universal e gratuita todas as escolas públicas de educação básica cadastradas no Censo Escolar” e busca “promover tanto a leitura literária, como fonte de fruição e reelaboração da realidade, quanto a leitura como instrumento de ampliação de conhecimentos, em especial o aprimoramento das práticas educativas entre os professores.” Em 2013, segundo dados que constam no site do FNDE (http://www.fnde.gov.br/programas/biblioteca-da-escola/biblioteca-da-escola-apresentacao), o Programa Nacional Biblioteca da Escola “vai distribuir cerca de 6,7 milhões de obras literárias a mais de 50 mil escolas do ensino fundamental e 18,8 mil do ensino médio em todo o país. Serão investidos, aproximadamente, R$ 66 milhões na compra dos livros.” Atenção, estes recursos financeiros são provenientes dos impostos que você paga todos os meses. Dinheiro que deve ser revertido para Educação, dentre outros, e que tanto você quanto seu filho têm o direito de usufruir. Incentive seu filho a procurar o acervo do PNBE que está disponível na escola em que ele estuda! E quando você for chamado para reuniões ou para conversar sobre problemas que envolvem o seu filho no ambiente escolar, aproveite para dar uma olhada no espaço físico disponível para os livros, para saber como a escola tem estimulado seu filho a praticar a leitura (você, é claro, sabe da importância de ler!) e para usufruir, você também, do que a leitura e, particularmente, os textos literários podem oferecer!!

Clarice Lottermann

Profª Drª da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE (Rede LLIJ-PR)

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Por que ler literatura?

(nov. 2013)

Desde tempos imemoriais, quando homens, mulheres e crianças reuniam-se para descansar ou conversar, quase sempre à noite, havia quem inventasse uma história, ou contasse um causo acontecido, ou declamasse poemas, ou mesmo, todos juntos, cantassem alguma canção folclórica, regional, e de grande significação para todos aqueles que conviviam em pequenas aglomerações. Eram os saraus, onde pessoas de diferentes idades compartilhavam o prazer de contar e ouvir histórias e de pertencer a um grupo, a uma comunidade.

Com a era da industrialização e conseqüente modernização das sociedades, esses encontros deram lugar aos livros de papel e, mais recentemente, aos livros eletrônicos. Com isso, mudou-se a forma de relacionamento entre os seres humanos, e o que antes era o encontro entre pessoas de diferentes idades, passou a se configurar no encontro entre o leitor e o livro. O sarau com pessoas deu lugar à leitura individual.

Neste modelo de comunicação a leitura é individual, silenciosa e personalizada, põe em evidência a necessidade de interação do leitor com o texto ficcional. A interação requer do leitor a sintonia fina com o que o texto literário apresenta, e, para que isso ocorra, é necessário que o leitor seja competente, que sua leitura seja fluente e significativa. O leitor é quem comanda a leitura.

Por isso, quando se pensa no leitor infantil e juvenil, é importante que haja a adequação dos livros para as diferentes faixas etárias, sem que isso se torne uma camisa de força para as crianças e jovens. Muitas vezes, crianças recém-alfabetizadas conseguem compreender livros supostamente adequados a crianças com maior escolarização, e vice-versa. Para não incorrer em desastres pedagógicos, é preciso considerar o nível de desenvolvimento lingüístico, psicológico e afetivo deste tipo público, e não fechar com chave de ferro estas adequações às diferentes faixas etárias.

Neste momento, fala-se muito em “letramento literário”, uma concepção de formação do leitor de literatura que considera o progressivo desenvolvimento da criança em relação à leitura literária. A leitura literária diferencia-se da leitura de outros tipos de texto: de jornal, científico, religioso, pedagógico, por se constituir em um encontro prazeroso e gratuito entre o leitor e o texto literário. A literatura não tem um fim imediato como as Ciências e o Jornalismo, mas tem sim uma finalidade “aparentemente descompromissada” com a verdade dos fatos e acontecimentos da vida real.

A Literatura é uma arte e como todas as Artes ela canaliza para si as necessidades que os seres humanos têm de ficção e de fantasia, de devaneio, de sonho, de invenção e de fuga da realidade, sem que esta fuga represente um abandono do mundo real. A literatura permite que as pessoas se afastem, por algum tempo, de suas vidas cotidianas, muitas vezes atribuladas e cheias de percalços, para vivenciarem outras realidades, para se aproximarem de personagens muito diferentes de seus modos de ser, para se inserirem em outros mundos, outros lugares, outras vidas. Vivenciando o mundo inventado pelos autores, os leitores, crianças ou adultos, não apenas se tornam mais competentes no domínio da linguagem, mas também nutrem suas necessidades de ficção e de fantasia. E isso os torna mais humanos.

Drª Neuza Ceciliato, professora aposentada pela UEL (Rede LLIJ-PR)


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A literatura juvenil

(dez. 2013)

Quarenta anos de reflexão sobre a literatura para crianças contribuíram para o reconhecimento de uma produção diferenciada, com autores e obras que compõem, inclusive, uma história da literatura infantil e contam com crítica altamente especializada, cujos resultados podem ser avaliados em publicações de valor indiscutível. Os estudos realizados especialmente a partir da década de 70, do século XX, foram fundamentais para a o reconhecimento do estatuto artístico da literatura infantil e influíram de forma decisiva para a compreensão do vazio que se abria em relação ao estabelecimento de um “específico juvenil”, traços que se apresentam em obras que ocupam espaços entre aquelas voltadas às crianças e a literatura destinada a adultos.

Embora desde o início do século XX fossem publicadas no país obras como Através do Brasil (1910), de Olavo Bilac e Manuel Bonfim, Saudades, de Thales de Andrade (1919), Cazuza (1938), hoje consideradas apropriadas a leitores mais maduros, não havia a preocupação com a especificidade do leitor “juvenil”. A partir do final da década de 70, porém, surge um corpo de autores de livros destinados à leitura dos adolescentes e, se o conjunto ainda não compunha uma tradição, caminhava decididamente para isso. Nesse contexto, emergem obras cujos narradores tratam de temas atraentes aos jovens leitores, com linguagem muito próxima à do uso cotidiano, tais como: A casa da madrinha (1978) e Corda Bamba (1979), ambas de Lygia Bojunga, Cão vivo, leão morto (1980), de Ary Quintella, Bisa Bia, Bisa Bel (1981), de Ana Maria Machado, Doze reis e a moça no labirinto do vento (1982), de Marina Colasanti, Vida e morte de Pandomar, o cruel (1983), de João Ubaldo Ribeiro, Sozinho no mundo (1984), de Marcos Rey, Clube do esqueleto (1985), de Stella Carr, O bezerro de ouro – uma aventura da gang do beijo (1986), de José Louzeiro, O diário de Lúcia Helena (1994), de Álvaro Cardoso Gomes, para citar apenas alguns títulos.

A partir dos anos 90, ainda do século XX, podem ser apontados novos autores com produção de qualidade, direcionada a esse público. Nomes como Jorge Miguel Marinho, Laura Bergallo, Fernando Bonassi, Luís Dill, Mário Teixeira, Heloísa Prieto, Ivan Jaf, Menalton Braff, Gustavo Bernardo, Flávio Carneiro, Adriana Falcão, Caio Riter e Angélica Lopes – citações que não excluem outras referências – circulam pelos espaços do campo literário, com obras premiadas, e constam inclusive de catálogos de editoras, listas de prêmios, indicações de programas de leitura, trabalhos acadêmicos e da crítica especializada.

Pesquisadores que se dedicam ao estudo das especificidades da literatura juvenil observam a presença de marcas formais e temáticas diversificadas em tais produções, apropriadas à faixa etária de seus leitores e inerentes ao contexto sociocultural em que transitam autores e receptores. Com linguagem questionadora de convenções e normas, técnicas mais complexas de narrar, as narrativas contemporâneas tratam de assuntos anteriormente proibidos a leitores mais jovens - morte, separações, violência, crises de identidade, escolhas, relacionamentos, perdas, sexualidade e afetividades - temas que podem levar à sistematização, ainda que precária, das linhas mais evidentes na produção contemporânea: amorosa, fantasia, psicológica (introspectiva), suspense e/ou terror, policial, realismo cotidiano ou denúncia, folclore, histórica, aventuras, entre outras.

ALICE ÁUREA PENTEADO MARTHA

Profa. Dra. Da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – Rede LLIJ-PR

Qual é o papel da escola no trabalho com a leitura?

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira

Como educadora preocupada com a formação do leitor, verifiquei que a leitura na escola, paradoxalmente, afasta os alunos de gêneros diversos. Isto ocorre porque este trabalho é enfadonho e previsível, geralmente, elege-se o mesmo gênero textual na modalidade escrita da língua. Desse modo, perde-se a oportunidade de se explorar a modalidade oral e domínios discursivos diversos, como: jornalístico, instrucional, publicitário, entre outros. Mesmo no domínio discursivo ficcional, não são trabalhados gêneros como: poemas, peças teatrais, contos populares, entre outros. A abordagem do texto escrito em sala de aula efetiva-se como um debruçar sobre o objeto de análise como um fim em si mesmo e o aluno não é considerado em suas percepções, sentimentos e criatividade. Há, então, uma razão para a resistência em relação à leitura, mas a questão está em como reverter esse quadro. Que performance realizar para mudar essas concepções? Afinal, o que a leitura pode assegurar?

Certamente, a ausência de uma prática democrática em sala de aula impede tanto o diálogo entre pessoas, quanto a reflexão sobre o diálogo entre textos. Assim, para que haja produtividade no ensino da leitura, o diálogo precisa dominar o cenário da sala de aula, a fim de que seja reconhecido também entre textos diversos. Pela dialogia, a leitura se torna mais interessante e saborosa, pois os alunos percebem a remissão presente no jogo textual. Esse diálogo, uma vez detectado e manifesto em sala de aula, transforma esse espaço em local de debates. Desse modo, por meio de seus relatos, os alunos podem compreender que cada indivíduo possui uma interpretação diferente da leitura realizada e esta merece ser considerada, pois advém de suas referências culturais e experiências. Por sua vez, a eleição de gêneros textuais literários no trabalho com a leitura justifica-se, pois estes são intelectualmente provocativos, permitem que vários pontos de vista sejam utilizados para examinar pensamentos, crenças e ações.

A história de leitura dos alunos só se efetiva em meio à fartura de obras de gêneros textuais variados, pois a incorporação de um seleto e diversificado repertório cultural representa um fundamento para a formação do leitor, sobretudo, para o desenvolvimento de seu senso crítico em relação ao mundo globalizado complexo e contraditório em que vivemos.

A preocupação dos pais e professores com a leitura centra-se nas cinco primeiras séries, entretanto, após esse período escolar, o questionamento a respeito de como se processa a relação entre leitor e texto é praticamente silenciado. Justifica-se, então, que muitos lares não disponibilizem gêneros diversos aos jovens, transferindo à escola toda responsabilidade pela sua formação como leitores. Desse modo, faz-se necessária a existência de um trabalho mais cuidadoso no ensino da leitura no 6º ano (antiga 5ª série), justamente por esta série corresponder a um momento de grandes transformações, inclusive, de transição da infância para a adolescência.

Para que diferentes gêneros sejam apresentados, o mediador em seu trabalho com a leitura precisa considerar o acervo do PNBE – Programa Nacional Biblioteca da Escola. Como este é composto por obras de gêneros diversos, aprovadas por pareceristas especializados, pode favorecer a formação do leitor crítico e estético, que privilegia o ato de ler como um exercício de comparações artísticas e culturais. Mesmo quando se detecta, na escola, a preferência dos jovens pelos best-sellers, pelos modismos, para o despertar de seu senso crítico, o mediador pode solicitar-lhes um trabalho reflexivo de confronto entre essas obras e as literárias que compõem o acervo do PNBE. Esta estratégia facultará a ampliação do horizonte de expectativas desses leitores em formação. Nesse confronto, inclusive, o mediador pode enfatizar reflexões sobre o emprego da linguagem, dos recursos estilísticos, da estruturação da trama e densidade psicológica das personagens. Além disso, esse mediador, ao suscitar o debate acerca do viés crítico que perpassa o texto artístico, literário, coloca em ênfase o caráter emancipatório deste, o que favorece a formação do leitor.

Como podemos notar, o papel da escola no trabalho com a leitura é fundamental, por meio dele oportuniza-se um contato provocador, crítico, original e prazeroso com a língua. Para que haja uso pelos alunos da palavra em todas as potencialidades exigidas pela própria interação, como instrumento de criatividade e expressão de seus pontos de vista e pensamentos, eles precisam conhecê-la em suas diferentes modalidades, estruturada e organizada em gêneros textuais diversos, pois ninguém cria do zero, mas sim contra o que lhe oferecem. Daí a necessidade de conhecer, até mesmo para subverter.

Rede LLLIJ – Profa. UNESP-Assis; GP CRELIT/Leitura e Literatura na Escola.


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Como escolher um livro para crianças?

Quando o assunto é a seleção de livros literários para crianças bem pequenas, muitas pessoas se perguntam: como escolher? Quais critérios usar? O adulto poderá indicar aqueles livros lidos durante a sua infância ou ainda aqueles que estão expostos em feiras e livrarias, ambas com espaços atrativos reservados para os pequenos. Mas nem sempre são esses os textos que mais agradam às crianças ou que levam os leitores iniciantes a uma experiência significativa com a leitura.

É bastante comum visualizarmos em feiras de livros materiais com grande apelo visual, que fazem uso de cores, muitos acompanhados de bichinhos de pelúcia ou CDs, e com pouco texto verbal. Quando aparecem, tais textos são bem simples, por vezes incoerentes, que não dialogam com as imagens. Com isso, afasta-se da criança o contato com a arte da palavra, aquela que gera a fantasia e a diversão.

Entretanto, há aquelas publicações de qualidade que atendem às necessidades dos pequeninos no que diz respeito à formação intelectual. É o caso de alguns livros-brinquedo que se estruturam de modo semelhante aos livros convencionais, mas podem ter páginas que se abrem e formam figuras; podem ser levados para o banho, quando feitos de plástico, ou mesmo para o quarto, por serem o próprio travesseiro com páginas de tecido. O leitor desses livros tem a leitura como uma experiência lúdica e bastante espontânea, na qual lhe são permitidos movimentos de abrir, fechar, girar, sentir, tocar, ouvir, chacoalhar, puxar, encaixar, apertar... Trata-se de um material interativo que valoriza o sensorial e motiva a leitura devido a tamanho, formato, cores, texturas e expressividade das palavras.

Em meio às publicações, é sempre importante verificar a linguagem, perceber se a capacidade infantil não está sendo menosprezada, notar a qualidade do material, se será durável ao manuseio, perceber se as ilustrações contribuem para a ampliação dos sentidos do texto escrito. Acompanhar listas de livros laureados também é uma boa dica para saber o que é qualidade na literatura infantil, como o prêmio "O Melhor para criança", da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (http://www.fnlij.org.br/site/premio-fnlij.html), bem como conhecer os livros selecionados pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) (http://portal.mec.gov.br) que são distribuídos para as bibliotecas escolares anualmente. Outra dica é acessar páginas na internet como o blog: http://redellij.blogspot.com.br/ , no qual artigos e resenhas ajudam o leitor adulto com alguns parâmetros sobre textos para crianças e jovens.

Me. Berta Lúcia Tagliari Feba (UNIESP-Fapepe/Rede LLIJ)

ALICE ÁUREA

  • Modos de leitura - Anais Celi 2007
  • Poesia 1 - com Penha Silvestre
  • Produção contemporânea - Letras de Hoje 2008
  • Ricardo Azevedo - Via Atlântica 2014
  • Temas e formas da Lit. Juv. Contemp. - Anais Silel 2011

ALICE ATSUKO

  • Formação de leitores - Interletras 2014
  • Formação do leitor - Rev. Práticas Linguagem 2013
  • Histórias de assombração - Rev. Ed. 2007

CÁTIA TOLEDO

  • Coleção Vagalume - Tese UFPR
  • De Lobato a Pedro Bandeira - Trama 2011
  • Júlia Lopes de Almeida - Rev. UFPR 2003
  • Marina Colasanti - COLE 2009
  • Mil e uma noites - Rev. Diálogos Mediterrâneos 2013

CLARICE LOTTERMANN

  • Bojunga 1 - Trama 2006

CLÁUDIO MELO

  • Leitura literária, ensino de literatura - Voos 2010
  • Políticas públicas, professores, leitura literária - Educar em Rev. 2014
  • Teoria, metodologia, leitor - Cad. Letras UFF 2010

IEDA SORGI ELIAS

  • Odette de Barros Mott

JAIME

  • Formação de leitores literários - Caderno de Letras UFF
  • PNBE e literatura dramática - Rev. Letras 2015

MÁRCIO PRADO

  • Anais - IV ENEI - Imagem do negro Marvel
  • Poesia viral (2016)

MARIA MIGUEL

  • Marina Colasanti - nov 2019

NEUZA CECILIATO

  • Projeto Memória - Monteiro Lobato
  • Terras dos meninos pelados - Semina 1992

THIAGO VALENTE

  • Página inicial
  • Resenha - FronteiraZ dez. 2016
  • Citação - Nelly Novaes Coelho
  • Anais ABRALIC 2015 - Gustavo Bernardo
  • João Carlos Marinho - Rev. Impossibilia 2014
  • Livros, bibliotecas, escola - Contexto 2015
  • Dialogismo em textos para crianças - Rev. Letras 2017
  • Literatura indígena para crianças - Rev. Est. Lit. Bras. Cont. 2017

VANDERLÉIA OLIVEIRA

  • Ensino Lit. docs oficiais - Contexto 2015
  • PNBE e PIBID - Est. Lit. Contemporânea 2017
  • Professor de Literatura - Crioula 2016
Thiago Alves Valente. Tema Marca d'água. Imagens de tema por Jason Morrow. Tecnologia do Blogger.

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